BRASÍLIA – Líderes da oposição pedirão ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que a votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff seja votado no dia 14 de abril, uma quinta-feira. Para que a data seja essa, todos os prazos de tramitação teriam de ser cumpridos rigorosamente.
Alguns parlamentares vinham defendendo a marcação da votação para um domingo, o dia 17 de abril. Outros, porém, ponderaram que tal medida poderia reforçar o discurso governista de que o processo se trata de um “golpe”. Mendonça Filho (DEM-PE) disse que a oposição não quer que a data seja comparada a uma final de Copa do Mundo e que, seja o dia que for, todos acompanharão a votação.
— Não vamos querer que (a votação em plenário) seja feita num domingo. A votação não pode ser transformada em final de Copa do Mundo. Um domingo poderia facilitar a vida das pessoas, mas seja quinta ou sexta, o país estará parado. Quem pauta é o presidente (Cunha), mas ele ouve os líderes. E vamos conversar também com o presidente e o relator da comissão especial. Tudo depende do cronograma — disse Mendonça Filho.
A Câmara deve realizar nesta terça-feira a sexta sessão do plenário na contagem de prazo. Mantido o cronograma, na próxima segunda-feira a presidente deve entregar sua defesa à Casa. A partir daí, a comissão votaria até o dia 11 de abril o relatório do deputado Jovair Arantes. O parecer seria publicado no dia seguinte, cumprindo-se assim as 48 horas necessárias para que o plenário toma a decisão final.
Os parlamentares querem uma sinalização de Cunha sobre o prazo para acelerar a convocação de manifestações pelo país para o dia da votação. Para eles, mesmo sem a votação ocorrer no domingo será possível levar milhões de pessoas às ruas para defender a saída de Dilma.
CONVENCENDO INDECISOS
Na reunião, deputados da oposição também traçaram para monitorar os colegas e maximizar os votos pró-impeachment. Decidiram fazer uma “força tarefa” por estado e partido, para convencer os indecisos.
— Estamos batendo os 342, mas precisamos ter margem maior e convicção dos votos. Publicamente muitos deputados ainda se dizem indecisos, mas deputado se abre para a deputado — disse Mendonça Filho, citando que um dos movimentos, o Vem Pra Rua já contabiliza 258 votos pró-impeachment:
— Nossa margem de apoio é maior. Muitos não abrem porque alegam compromissos antigos com o governo e estão se desligando. Depois do episódio de rompimento do PMDB, virão os de outros partidos da base, como PP, PSD.
O Globo.