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A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,5% no trimestre encerrado em abril, atingindo 13,2 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se a primeira queda após 3 altas seguidas e um leve recuo ante a taxa de 12,7% registrada no trimestre encerrado em março. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (12,9%), a taxa de desemprego caiu 0,4 ponto percentual.
Segundo o IBGE, a população ocupada no país somou 92,4 milhões de pessoas, ficando estável na comparação com o trimestre móvel anterior e aumentando 2,1% (mais 1,9 milhão de pessoas) ante o mesmo trimestre do ano passado (90,4 milhões de pessoas).
Na comparação com o trimestre terminado em março, a população ocupada cresceu em 502 mil pessoas, mais que o dobro da queda da população desempregada, que foi de 210 mil pessoas. Além disso, 32 mil pessoas entraram para o desalento, ou seja, desistiram de procurar emprego. Esses movimentos – aumento da população ocupada e aumento do desalento – proporcionaram um recuo na taxa de desocupação.
De acordo com o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, “foi uma surpresa” a estabilidade da população ocupada na comparação com o trimestre móvel anterior, após quedas expressivas nos últimos meses. “A gente não esperava essa estabilidade na população ocupada. Não fosse isso, a situação estaria ainda mais crítica”, disse.
Azeredo lembrou que dos quase 2 milhões de pessoas que entraram na população ocupada no último ano, 48% foram da categoria trabalhador por conta própria. “Ou seja, a ocupação segue crescendo por conta da informalidade”, resumiu.
Apesar da queda do desemprego no trimestre encerrado em abril, a população subutilizada atingiu 28,4 milhões, número recorde da série histórica iniciada em 2012.
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados ou fazendo bicos (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
O número de pessoas desalentadas chegou a 4,9 milhões no trimestre encerrado em abril, alta de 4,2% em 1 ano (mais 199 mil pessoas), e também número recorde na série histórica do IBGE.
Já contingente de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas chegou ao número recorde de 7 milhões, alta de 3,3% (mais 223 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior e aumento de 11,9% (mais 745 mil na comparação interanual.
Emprego com carteira assinada cresce
A boa notícia, segundo o IBGE, foi que o número de empregados no setor privado com carteira assinada cresceu 0,8% (mais 270 mil pessoas) na comparação com o trimestre móvel anterior, para 33,1 milhões de pessoas, quase meio milhão a mais que o registrado no mesmo trimestre do ano passado, quando chegou a 32,7 milhões, o menor contingente de toda a série histórica da pesquisa.
De acordo com o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, após 16 trimestres, o Brasil voltou a gerar vagas com carteira de trabalho assinada. “Foram 13 trimestres em queda e três com estabilidade. Esta é a primeira vez que a gente vê aumento”, afirmou.
“É uma luz no fim do túnel? Talvez, vamos ter que esperar as próximas divulgações”, avaliou. “Embora tenha aumentado, ainda está 3,4 milhões abaixo do recorde já registrado, que foi de 36,5 milhões em julho de 2014. Esse é um número que a gente não vai recuperar tão cedo”, acrescentou.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na semana passada pelo Ministério da Economia mostraram que o país criou 129.601 empregos com carteira assinada em abril, melhor resultado para meses de abril desde 2013. No ano, porém, o ritmo segue abaixo do registrado no ano passado.
O número de empregados sem carteira assinada (11,2 milhões de pessoas) ficou praticamente estável (-0,3%) frente ao trimestre anterior, segundo o IBGE, e subiu 3,4% (mais 368 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Já a categoria dos trabalhadores por conta própria (23,9 milhões de pessoas) também ficou estável (0,2%) frente ao trimestre anterior e cresceu 4,1% (mais 939 mil pessoas) em 12 meses.
“Nós temos que comemorar o aumento da população ocupada em relação ao ano passado, o aumento da carteira de trabalho depois de 16 trimestres corridos, mas a subutilização no mercado de trabalho brasileiro ainda é um pesadelo”, afirmou o pesquisador do IBGE.
Renda estagnada
O rendimento médio real habitual do brasileiro (R$ 2.295) recuou 0,4% frente ao trimestre móvel anterior e avançou 0,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o que na avaliação do IBGE representa uma estabilidade.
Segundo o IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores com carteira assinada foi de R$ 2.175, um valor 60% maior do que a média daqueles não têm carteira (R$ 1.364). Já a renda média dos trabalhadores por conta própria foi de R$ 1.667.
“Essa estabilização da renda é reflexo do mercado de trabalho informal. Com a entrada da carteira [de trabalho assinada], isso pode, futuramente, ter uma reação positiva, da renda voltar a subir”, disse Azeredo.
Ele ponderou que, apesar da renda estar estagnada, a massa rendimentos aumentou puxada pelo maior nível de ocupação. “Você tem mais pessoas trabalhando e sendo remuneradas e é isso que vai colocar o mercado de trabalho num círculo virtuoso”, disse.
A massa de rendimento real habitual (R$ 206,8 bilhões) também ficou estável contra o trimestre anterior e cresceu 2,8% em relação ao mesmo trimestre de 2018.
Economia estagnada
Na véspera, o IBGE divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil caiu 0,2% no 1º trimestre, a primeira contração desde 2016, em meio a um tombo dos investimentos e desaceleração do consumo das famílias. Com o fraco resultado da atividade econômica observado entre janeiro e março, passou a ganhar força entre os analistas um cenário de que o crescimento do Brasil neste ano possa ser inferior a 1%.
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