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Um antigo balcão, um amontoado de bugigangas, um discurso acolhedor para manter a clientela. Era mais ou menos essa a lógica que movia as antigas bodegas do Nordeste, onde elas resistem ao avanço das redes de supermercado. Maior bodegueiro da pequenina Areia, cidade com pouco mais de 20 mil habitantes na Paraíba, Zé Gordo era pai de Francisco Valter Alves de Lima. Na lida diária com a venda, o velho não sabia ler, tampouco escrever.
Aos 17 anos, o rapaz, um dos sete filhos, achou que o mundo lhe reservava surpresas do outro lado do balcão. Num lampejo de dor, fez a mala, despediu-se da família e veio tentar a vida em São Paulo. Mas eis que a vida parecia correr sempre ao redor de um desses móveis comerciais. Do outro lado de um deles, um colega cozinheiro olhou para o seu rosto redondinho e o apelidou: Bolinha. Pronto! Assim seria chamado por colegas e clientes, destaca reportagem da Folha.
Era 1999. O tal balcão ocupava os fundos de um imóvel na rua Amauri, 275-B, no Itaim Bibi, onde o paraibano trabalhava como ajudante no bar. Quatro anos depois, a casa se mudou para a rua Vittorio Fasano, 88, endereço nobre que abriga o hotel Fasano. Lá Bolinha foi alçado a barman do Baretto, reconhecido há duas décadas como reduto de boa música e ícone da noite paulistana.
“Para quem só conhecia cachaça, cerveja e copo americano, imagina”, brinca ele, enquanto lustra cuidadosamente um jogo de taças de cristal Spiegelau, marca alemã que existe há mais de cinco séculos.